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Da Redação
Muito se caminhou, mas há muito mais a alcançar. Um estudo do Fórum Econômico Mundial mostra que as mulheres ainda ganham cerca de 37% menos que os homens ocupando o mesmo cargo. E mais: que se continuarmos nesse ritmo lento de mudanças, levará pelo menos 267 anos para que profissionais do sexo feminino e masculino estejam atuando em igualdade de condições no mercado de trabalho! Mudar esse quadro passa por derrubar crenças culturais arraigadas, mas as empresas podem fazer toda a diferença nesse desafio.
“Não há como negar que ainda vivemos em uma sociedade que valoriza e prioriza os profissionais do sexo masculino, especialmente para cargos estratégicos e de gestão. Para chegar ao mesmo patamar, a mulher tem que trabalhar muito mais e provar o tempo todo sua capacidade”, destaca Roseli Filizatti, psicóloga organizacional do trabalho e professora das disciplinas de Carreira e Gestão no Centro Universitário UniMetrocamp Wyden.
Roseli observa que ainda existe um forte preconceito entre as organizações. “O salário do homem é maior porque ainda é visto como arrimo de família, enquanto a mulher é apontada como a responsável por cuidar da casa e dos filhos”, diz. “Outra preocupação das empresas é com a possibilidade da mulher engravidar, então muitas vezes acabam optando por contratar as mais jovens, que ainda não estão nessa fase de vida, ou com mais idade, que já possuem filhos maiores. Não desejam arcar com a licença maternidade, como se não fosse algo natural da vida. Sem mães, não temos crianças, e sem crianças, não temos futuro”.
Roseli Filizatti é psicóloga organizacional do trabalho
A professora lembra que, em tempos em que as organizações são cobradas por garantir maior equidade não só em relação a gênero, mas em todas as frentes, há medidas acessíveis e que até mesmo oferecem benefícios financeiros às empresas. “É preciso compor uma rede de apoio às profissionais do sexo feminino, para que possam exercer seu trabalho com tranquilidade e dignidade. A instalação de creches internas, por exemplo, permite inclusive isenções fiscais”, revela Roseli.
Outro ponto importante, indica a professora, é a flexibilidade de horário, seja possibilitando uma saída mais cedo, quando necessário, ou um almoço mais estendido para aquelas que precisam, por exemplo, amamentar, direito garantido por lei. “Oferecer cursos de extensão e aperfeiçoamento na sede da empresa é outra maneira de assegurar que as mulheres não fiquem para trás em termos de atualização e desenvolvimento. Ao contrário dos homens, para as mães é muito mais complicado conseguir se ausentar em horários fora do trabalho, à noite, para participar de uma capacitação, pois precisa cuidar da casa e dos filhos”.
Ao contrário do que muitos possam imaginar, Roseli ressalta que essas medidas podem colaborar para maior lucratividade das empresas. Pesquisas revelam que funcionários mais felizes são 12% mais produtivos, porcentagem que pode chegar até a 37% em corporações como o Google, famoso pelos benefícios que confere a seus colaboradores. “A mulher vai trabalhar mais tranquila, com a cabeça mais centrada, porque ela sabe que seu filho estará bem cuidado. Também vai reconhecer esse apoio da empresa, e isso por si só já vai motivar bastante. Tudo isso só traz resultados favoráveis para as organizações”, conclui.