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Alerta, bruxismo!

Da Redação

Geral 13/02/23

E agora, meus dentes encurtaram?

Quando se fala em bruxismo é comum a associação a situações de estresse, tensão ou ansiedade. Não por coincidência, a incidência do diagnóstico aumentou significativamente na vida pós pandemia. 

Ocorre que o tema é uma “equação” muito maior e que considera diversos elementos, além dos fatores emocionais que, sim, têm grande influência. 

Segundo pesquisa recente realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 30% da população mundial é acometida por bruxismo. No Brasil esse número é ainda maior, pode chegar a 40% que sofrem com o bruxismo, e o que chama a atenção é o fato de “normalizar” sintomas como dores de cabeça, zumbido e o desgaste da dentição adia o início do tratamento, afetando a qualidade de vida do paciente. 

“Na maioria das vezes, a pessoa só sabe que é portadora de bruxismo, se alguém contar o que presenciou enquanto ela dormia, ou quando procura assistência médica ou odontológica, porque os sintomas já se instalaram. Ou ainda olha no espelho e percebe que parece que os dentes estão ficando “pequenos” (é o desgaste)”, explica o cirurgião Edinei Dias da Silva.

Segundo o profissional, que hoje tem oito em cada 10 pacientes que apresentam alguns sintomas do bruxismo, é queixa comum no consultório queda na produtividade no trabalho, devido a dores, e relatos de cansaço e mudanças de humor, elevando a ansiedade e o nível de estresse. “Muitos contam que aumentaram o consumo de cafeína e até automedicação para suportar o sono e as dores. O convívio familiar também é afetado pela falta de paciência, atrapalhando a vida social, a diversão e o lazer. E o resultado são outras doenças que vão se associar a este estilo de vida e isto vira um ciclo vicioso”, alerta.

Mas, afinal, o que é bruxismo? 

Nos termos do consultório, bruxismo pode ser traduzido como uma “desordem funcional que se caracteriza pelo ranger ou apertar dos dentes durante o sono”.  Essa pressão pode provocar desgaste e amolecimento dos dentes. E, em casos mais graves, também problemas ósseos, na gengiva e na articulação da mandíbula (ATM). Uma curiosidade é que, apesar de ser mais comum durante o sono, o problema pode se manifestar durante o dia, recebendo o nome especial de briquismo.

Em ambos os casos, a compressão exagerada dos dentes pode levar à isquemia dos vasos que entram no ápice da raiz e depois à necrose dos vasos, dos nervos e da polpa dentária.

Esse quadro costuma provocar dores de cabeça e cansaço, mas outros sintomas como dor e zumbido no ouvido, dor no pescoço, na mandíbula e nos músculos da face, por causa do esforço realizado pelos músculos da mastigação, também ocorrem. Próteses mal adaptadas e dentes fora de posição e alinhamento também contribuem para aumento de dores.  

“Não se conhece, ainda, um tratamento eficaz para curar o bruxismo. Medicamentos ansiolíticos são úteis para o controle dos quadros de estresse e ansiedade que podem estar associados, mas não são a causa do distúrbio que, aliás, não está suficientemente esclarecida”, diz o cirurgião dentista.

Porém, é importante destacar que o quanto antes for diagnosticado o bruxismo e iniciado o tratamento, maiores são as chances de impedir o avanço do quadro, evitando assim comprometimentos mais graves das estruturas envolvidas, articulação, ossos, dentes, músculos entre outros”, completa o profissional.

Assim, explica Silva, o caminho mais seguro para frear a doença – e seus impactos na vida do paciente – começa com a ida ao consultório odontológico e a realização, além da avaliação clínica, de exames complementares como radiografias e polissonografias para identificar o grau do distúrbio e orientar o tratamento.

“Os recursos mais indicados para o tratamento, porém, são as placas rígidas de acrílico interoclusal, moldadas segundo o formato da arcada dentária do paciente. Elas ajudam a restringir os movimentos dos músculos mastigatórios e a reduzir o atrito que provoca o desgaste e o abalo dos dentes”, explica o especialista.

Adotar hábitos que amenizem a tensão, como a prática de atividades físicas, também é uma recomendação. “Um passo importante para tentar curar ou pelo menos diminuir o bruxismo é cortar a tensão psicológica. Isto pode ser feito através de esportes, ioga e exercícios de relaxamento”, completa Silva.


Recomendações

Consulte o dentista com regularidade

Evite apertar os dentes, quando estiver empenhado em uma tarefa ou situação mais complicada

Procure não mascar chicletes ou mordiscar sistematicamente objetos duros, como pontas de lápis e canetas, por exemplo

Faça exercícios. A prática regular de atividade física ajuda a controlar o estresse e as crises de ansiedade que podem favorecer o apertar dos dentes

Não se esqueça de colocar a placa interoclusal antes de dormir. Se o problema se manifestar também de dia, use-a sempre que possível.

O especialista explica que o diagnóstico está diretamente associado aos fatores emocionais. Sendo eles:  sensações de ansiedade, estresse, raiva e tensão provocam esse ato semivoluntário, quando diurno, ou completamente inconsciente, quando noturno. “Estudos apontam que distúrbios emocionais como ansiedade e estresse são fatores etiológicos dessa alteração, que desencadeiam o bruxismo durante o sono”, elenca. 

O bruxismo pode se desenvolver a qualquer momento da vida, sendo multifatorial, e não se sabe exatamente o porquê ele surge e também porque estabiliza ou em alguns casos desaparece, podem surgir em qualquer etapa da vida. “Sabemos que o conjunto de fatores já citados tem grande influência no seu aparecimento, assim é mais comum aparecer no final da juventude e início da idade madura (isto é, entre 17 e 45 anos), embora tenha casos de pacientes acima desta idade com sintomas de bruxismo”, completa o dentista.

Diversos estudos e pesquisas mostram que o fator hereditário é responsável pela transmissão de um caráter genético em alguns tipos de bruxismo, por isso é importante que o paciente se previna o quanto antes com relação à doença. ” Justamente por saberem desse detalhe, os pais que apresentam algum tipo de bruxismo já podem ficar alerta com seus filhos para identificar essa condição”, alerta.

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