O bem-estar no ambiente corporativo tem ganhado cada vez mais a atenção dos gestores, principalmente nas grandes corporações. Mais do que um ambiente saudável para se trabalhar, funcionários com problemas de saúde mental representam um prejuízo para as empresas.

Um levantamento realizado pela startup Closecare, focada em gestão de atestados médicos e saúde corporativa, revela que a incidência de afastamentos por transtornos mentais cresceu 30% de 2020 a 2022 na plataforma da empresa, e os gastos para as companhias deve chegar a 5 bilhões de reais até o final do ano.

Vanessa Rodrigues, psicóloga e especialista em desenvolvimento de aprendizagem emocional, conta sobre uma nova turma do curso de pós-graduação da Unicamp, em que a felicidade é um módulo para estudo. “Na primeira turma da pós-graduação em 2020, o modulo “Felicidade” teve uma lista de espera de mais de 600 alunos, uma procura que surpreendeu a todos. Além dos motivos pessoais de cada aluno em melhorar a qualidade de vida, o curso atende também o mundo corporativo, já que a principal habilidade do futuro exigida pelas empresas é a relação interpessoal, que está ligada diretamente à felicidade das pessoas”, explica a especialista.

Vanessa Rodrigues é psicóloga, especialista em desenvolvimento

de aprendizagem emocional e professora de felicidade 

A preocupação nas empresas brasileiras não é por acaso, o Brasil tem mais de 11,5 milhões de pessoas com depressão e é o país mais ansioso do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Recentemente, a OMS classificou o a Síndrome de Burnout uma doença ocupacional. “Existe um movimento nas empresas brasileiras em dar atenção a essas questões no ambiente corporativo, muitas já adotam palestras para líderes e colaboradores com o tema “Felicidade”, porém ainda são poucas que tem um programa sólido e com métricas bem definidas para garantir um ambiente de trabalho prazeroso e feliz”, ressalta a especialista.

A psicóloga confirma que a felicidade do funcionário impacta diretamente nos negócios. “Diversas pesquisas no mundo mostram que funcionários felizes são cerca de 30% mais produtivos, mais criativos, lidam melhor com situações de estresse, são mais saudáveis e consequentemente tem menos faltas por problemas de saúde. Esse conjunto de fatores pode ser determinante para o sucesso da empresa”, afirma.

Vanessa acredita que cursos como este da Unicamp, que tem se tornado comum em grandes universidades do mundo, colaboram para formar gestores mais conscientes sobre o tema e mudar a cultura organizacional nos próximos anos. “Ainda existe um ceticismo sobre a felicidade, por isso precisamos quebrar essa objeção nas empresas, falar de felicidade é tão importante quanto analisar o crescimento financeiro de uma empresa, por isso formar profissionais que entendam dessa questão é um caminho importante para o futuro”, finaliza a psicóloga.